domingo, 28 de dezembro de 2008

Premiata Forneria Marconi - "Storia di Un Minuto"


Pra quem tem a Itália somente como a terra da pizza, eis aqui uma novidade: há muito mais coisas vindas de dentro daqueles fornos do que se imagina. Iguarias ímpares, que exigem um paladar refinado e degustação minuciosa. Quem aprecia isso tudo tem que conferir os pratos dos “chefs” do Premiata Forneria Marconi, em especial, a receita que enche de saliva a boca de qualquer amante da cozinha italiana, “Storia di Um Minuto”.

Deixando de lado as alegorias culinárias, meu intento de hoje é compartilhar com vocês, amigos internautas, essa maravilha, trazida a nós diretamente de Milão, Itália. Trata-se, realmente, de um dos baluartes do Rock Progressivo do país e do mundo – sim, a Itália foi um grande celeiro do movimento na década de 70 – sendo extremamente respeitada e admirada.

O disco, lançado em – adivinha? – 1972, possui delicadeza melódica e harmônica raramente apresentadas por bandas vindas daquelas bandas – com o perdão do trocadilho – e beleza encantadora, além dos arranjos requintadíssimos e de extremo bom gosto.

“Introduzione” já dá, nos seus 01min10seg de duração, uma amostra do que está por vir. Apesar de ser uma faixa introdutória de tão curto fôlego, trata-se de um belo momento do álbum, apresentando dinâmica e variação rítmica.

Reverenciada e aplaudida de pé por todo fã que se preze, “Impressioni di Settembre” é um dos clássicos absolutos do conjunto, ocupando, sem sombra de dúvidas, posição de grande destaque na obra. Possui melodia e arranjos delicados e belos, com os vocais singelos de Franco Mussida, até explodir em seu riff de sintetizadores tão conhecido e aclamado. Tal riff, o ponto central da canção, é de uma força extraordinária, ao mesmo tempo doce e raivoso.

Após o término de tão emblemática peça, é hora de dançar ao som da tarantella roqueira “É Festa”, outro clássico obrigatório em qualquer show do Premiata. A faixa é simplesmente – se é que eu posso usar a palavra “simples” quando se trata desse álbum – uma síntese do espírito italiano contido no Prog Rock produzido nesse fértil país. Grande obra, realmente, abundante em quebra de ritmos e melodias animadas, que causarão uma inquietação em suas pernas! Tudo revestido, claro, pelos arranjos excepcionais e a qualidade técnica de cada um dos integrantes da banda.

Depois de tanto quebra-pau, “Dove... Quando... (Parte I)” chega, de mansinho, envolvendo-nos com sua delicadeza e encanto irresistíveis. Sua melodia, violões e flautas, etéreos, transportam-nos diretamente a um vale escuro e incrivelmente belo e acolhedor, oferecendo-nos repouso.

Bem mais agressiva e erudita, “Dove... Quando... (Parte II)”, possui um soberbo trecho tocado ao piano, posteriormente acompanhado por uma banda furiosa e afiadíssima, cheia de sincronias muito bem executadas. A canção transforma-se em um plácido momento executado por um suposto violoncelo, emulado pelos belos sintetizadores que se faziam antigamente. Após esse momento de placidez, somos convidados a apreciar uma passagem bastante jazzística, em que a flauta de Mauro Pagani brinca com os teclados de Flavio Premoli.

Interrompe-se tudo para dar passagem a “La Carrozza di Hans”, outro momento chave da obra. É tão grande o número de clássicos no álbum que o mesmo mais parece uma compilação. Mas é claro que uma coletânea não possuiria tamanha coesão, presente apenas em um álbum tão bem estruturado, formando uma obra realmente equilibrada, em que tudo faz sentido. Merece destaque o violino de Pagani, além do desempenho fenomenal de todo o conjunto, executando complexas sincronias entre todos os instrumentos. É muito interessante observar a habilidade da banda ao reproduzir tais malabarismos sonoros no palco, apresentando um trabalho impecável (conferir o “PFM Live in Japan 2005”, cujo vídeo está disponível em sites como YouTube e Google Video).

Fechando tudo, “Grazie Davvero” dá os agradecimentos finais com sua suave melodia inicial, que explode com um impactante riff – bastante circense, a meu ver – em que a banda utiliza-se de metais. A música segue como um espetáculo de picadeiro, de maneira bem pomposa, voltando, posteriormente, à melodia inicial, a que se juntam os vigorosos metais.

Assim termina essa história de vários minutos sensacionais e inspirados, dignos de uma atenção muito especial e, em conseqüência, grande admiração. Se o Rock, aqui, não pode adquirir o status de arte, então eu não sei o que pode. E tenho dito.

3 comentários:

  1. Dois discos que conheço já estão nesse blog... Close to the Edge e Titãs Acústico. Gosto do rock da banda Edgar Alan Poe, a progressiva Italiano, e vou experimentar essa banda também... Se puder me atualizar de suas postagens, filho da mão João, ficarei grato!

    Abraço de tinta!

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  2. Caro Rafael!
    Fico grato que você tenha passado aqui no meu blog, uma vez que, na minha loja, você nunca deu as caras!
    Hahahaha
    O som do E. A. Poe até que é legal, mas não é nada comparado a esse grande clássico do Prog Italiano.
    Afinal, é até covardia, uma vez que o Premiata está para a Itália assim como o Yes está para a Inglaterra...

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  3. Se alguém ainda tiver interesse na discografia do PFM, seguem dois links, contendo os seguintes álbuns:

    Storia di un minuto (1972)
    Per un amico (1972)
    Photos of Ghost (1973, versão inglesa de Per un amico)
    L'isola di niente (1974)
    The World Became the World (1974, versão inglesa de L'isola di niente)
    Chocolate kings (1975)
    Jet lag (1977)
    Passpartù (1978)
    Suonare suonare (1980)
    Come ti va in riva alla città (1981)
    P.F.M.? P.F.M.! (1984)
    Miss Baker (1987)
    Ulisse (1997)
    Serendipity (2000)
    Dracula (2005)
    Stati Di Immaginazione (2006)
    A.D. 2010 - La buona novella (2010)

    Parte 1 - https://mega.co.nz/#!AckAVLCI!QtVabQ6168GS7-FmCrClL5WQN_12M3KzLo69mjlocQ8 (550Mb)
    Parte 2 - https://mega.co.nz/#!RVcjGZCJ!8xsi5MmwtZPOZeYm9auN1TKPluUsWTW8_sLZn2-Ica0 (477.4 Mb)


    Boa degustação a todos os fãs do Premiata!

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