sábado, 20 de março de 2010

Coldplay - "Parachutes"


Ultimamente eu ando deixando um pouquinho de lado meu (lindíssimo, magnânimo, fantástico, excepcional) Prog Rock em detrimento de uma musica mais Pop. Os lamentos do Tears for Fears estão cada vez mais freqüentes em meus ouvidos, e o som requintado do Keane já ganhou mais uma execução em meu iTunes. Estava há um tempo, também, querendo re-ouvir “Parachutes”, o primeirão do Colplay, e a impressão causada em mim foi mais uma vez tão boa que eu não resisti em escrever uma resenha dedicada a ele.

Não pode ser desse mundo uma sucessão tão grande de musicas excelentes, formando a mais sublime trilha sonora para um mergulho na escuridão – acabo de me arrepiar ao som da guitarra de “Everything’s Not Lost”, mas deixemos a última música para o final. O álbum me parece um orgasmo de 40 minutos de duração. E não me venham com esse papo de “A Rush of Blood to the Head” que, por mais que seja um álbum notável e extremamente inspirado em vários momentos, não chega aos pés de seu antecessor.

“Parachutes” abre os anos 2000 de uma maneira que nem os mais mirabolantes fogos de artifício nas mais belas praias do planeta puderam fazer, trazendo em sua simplicidade um charme irresistível. O que dizer da beleza melódica do disco? Temas completamente inovadores, dez músicas de uma sonoridade única, assim como dez impressões digitais únicas que só saem de um único par de mãos. O Coldplay não é subproduto de nada.

Subverterei hoje meu paradigma de análise faixa-a-faixa devido à (louvável) homogeneidade sonora do trabalho. Terão espaço apenas as músicas mais excepcionais do álbum – “Yellow” not included – o que poupará o leitor do tédio proporcionado por uma resenha de três páginas. Aliás, aqui vai uma dica: desligue o PC e corra à cópia de “Parachutes” mais próxima à sua casa.

Para o internauta mais obstinado, aqui vão os destaques do disco: após a banda se apresentar ao ouvinte com a ótima balada semi-SciFi “Don’t Panic”, surge o primeiro momento realmente genial do disco, “Shiver”, que tive a oportunidade de conhecer – mesmo que tardiamente – por meio do jogo de PS3 Guitar Hero. Igualmente fantástica, “Spies” nos delicia com sua atmosfera melancólica de cinema noir.

Por mais que eu tente, não consigo segurar o sorriso ao ouvir os primeiros acordes de “Sparks”, uma lindíssima balada basicamente acústica, possuindo o brilho que faltariam nas baladas do disco seguinte da banda. O grande e – pasmem – inspiradíssimo hit “Trouble” tem como protagonistas o bem trabalhado contrabaixo na melodia principal da canção e a slide guitar floydiana no refrão, além da sensacional melodia vocal.

Tão breve quanto um salto a queda livre, a faixa título do álbum termina tão bela e repentinamente quanto começa, dando lugar às hipnóticas e belíssimas guitarras de “High Speed”. “We Never Change” serve de passagem para o grand finale, a apoteótica “Everyting’s Not Lost”, certamente uma das melhores composições não apenas do Coldplay, mas de toda a cena pop da década. Após uma introdução singela feita ao piano e cantada pelo fantástico Chris Martin, Jon Buckland oferece, gratuitamente, o riff mais simples e genialmente encaixado de todo o álbum. A banda nem termina de dizer adeus e já estamos com saudades. Fazer o quê se o disco é bom, né...

Está bem claro que eu falhei em minha tentativa de produzir uma resenha um pouco mais sucinta, com apenas comentários pontuais em algumas das faixas. Não faz mal, uma vez que todos já conhecem a prolixidade crônica desse senhor imaginário chamado João Lemmos. O que realmente importa aqui é a preciosidade de “Parachutes” e seu grande globo giratório amarelo, que a mim parece mais uma medalha de ouro reluzindo no peito de um medalhista olímpico. Ou no peito de um disco. Ou sei lá. Adeus.

4 comentários:

  1. Eu trocaria os nº1 pelos nº2.
    Trocaria Shiver, por Sparks ou Spies num piscar de olhos.
    Trocaria Everything's Not Lost por We Never Change brincando, mas gostei demais da resenha e acho pessoalmente bom você abrir seus ouvidos para outras coisas além do "(lindíssimo, magnânimo, fantástico, excepcional) Prog Rock".
    E com certeza acho que Don't Panic merece muito mais atenção do que lhe foi dada.

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  2. E só pra constar, eu sugiro que nessa sua vibe de escutar coisas diferentes eu recomendo fortemente que você escute Minus The Bear, eu preferia uma opinião sore o estilo da banda, mas acho que vai ser algo mais como indie rock.

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  3. Não sei pq, mas eu te acho sempre genial, João!

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